“É com o coração que vemos claramente; o que é essencial é invisível aos nossos olhos”.
Antoine de Saint-Exupery, O Principezinho
Até ao início do século XX, teve-se da inteligência uma visão essencialmente relacionada com as capacidades intelectuais e muito assentes nas competências académicas.
Em 1905 Alfred Binet e Théophile Simon criaram a primeira escala métrica para mensurar a inteligência (a escala de Binet-Simon) à luz do conceito da época, que incluía itens como a compreensão da linguagem e a habilidade de raciocinar. Nas décadas seguintes o psicometrista Thorndike promoveu vários estudos no intuito de ampliar essa visão e alargar o conceito de inteligência, tendo adoptado a designação de Inteligência Social (IS), enquanto capacidade de perceber os estados emocionais (nossos e dos outros) motivos e comportamentos, o que nos permitiria agir tendo por base esse conhecimento. Em 1983 Howard Garner, traz uma novidade ao falar em “inteligências múltiplas” e publica Farmes of Mind onde defronta o tradicional conceito de inteligência medida pelo Quociente Inteligência (QI) e o define como limitado e redutor, ao mesmo tempo que insiste em falar em “inteligências”, enquanto recursos tão cruciais para o sucesso e felicidade do ser humano como os já identificados pelos indicadores de inteligência como o QI que, defende, não explicam completamente a capacidade cognitiva.
O termo “inteligência emocional” (IE) terá sido utilizado pela primeira vez em 1985 por Wayne Payne na sua tese de doutoramento, mas foi em 1990, que a IE viria a ser definida academicamente pela primeira vez por Salovey e Mayer, como uma subforma da IS. Nos anos seguintes vários outros investigadores pesquisaram, desenvolveram e escreveram sobre o conceito de Inteligência Emocional desde Caruso, a Bar-On ou Daniel Goleman e nos nossos dias cada vez mais pesquisadores de renome no campo da inteligência assumem e reconhecem a importância dos aspectos não-cognitivos.
Para lá das várias correntes científicas existentes (Mayer, Salovey, Caruso, Bar-On ou Daniel Goleman) das suas diferenças desde logo quanto à definição do seu objecto de estudo- a Inteligência Emocional, sua operacionalização e mensuração, todos são unanimes em concordar na importância da literacia emocional, que assume cada vez mais uma posição de relevo e está intimamente ligada ao poder pessoal, uma vez que as emoções constituem uma parte essencial da natureza humana.
As pesquisas na área da Inteligência Emocional também conhecida como QE, (quociente emocional) e carinhosamente denominada inteligência do coração, têm-se intensificado nas últimas duas décadas e despertado grande interesse e paixão tanto em investigadores sociais como no público em geral.
Se razão e emoção durante muito tempo estiveram em campos opostos, hoje é unanimemente aceite pela comunidade científica que as nossas competências emocionais constituem um poderoso filtro entre o exterior e o interior e que numa situação emocional o primeiro impulso é sempre do coração e não da mente racional (QI, ou quociente inteligência).
Com inteligência emocional, enquanto capacidade para compreender e gerir os nossos próprios sentimentos e os sentimentos dos que nos rodeiam, as hipóteses de alcançar sucesso, conseguir uma vida mais harmoniosa, satisfatória e feliz, são bem maiores!
Os avanços nesta apaixonante área são muitos e as emoções são cada vez mais vistas como a essência para a autoconsciência, autodomínio e a chave que nos conecta ao nosso EU e aos outros.